Coppe e Sitra anunciam resultados de estudo sobre baixo carbono

Projeto Green to Scale aponta 17 soluções, já em uso, que podem reduzir emissão de gases em 25%


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A adoção, por um número maior de países, de um conjunto de 17 soluções de baixo carbono utilizadas com êxito em várias partes do mundo pode promover uma redução equivalente a 25% das emissões globais atuais de gases de efeito estufa. Os números fazem parte do estudo “Green to Scale – low-carbon success stories to inspire the world”, anunciado hoje, 25 de novembro, na Coppe/UFRJ.

Coordenado pela Sitra, agência finlandesa de inovação, o projeto indica que a expansão dessas iniciativas, já utilizadas com sucesso por 36 países, pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 12 gigatoneladas, em 2030. Esse volume corresponde a 25% das emissões globais esperadas para 2030 no caso de as medidas não serem implementadas.

Para dar forma ao estudo, a Sitra liderou um grupo de 11 instituições colaboradoras de diferentes países. Entre elas estão o Banco Mundial, a Fundação Europeia do Clima, o Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo e a Coppe/UFRJ. Na Coppe, única instituição brasileira a participar, o trabalho ficou a cargo do Centro de Economia Energética e Ambiental (Cenergia), do Programa de Planejamento Energético (PPE).

A Sitra e as instituições parceiras fizeram um amplo levantamento das iniciativas de baixo carbono adotadas ao redor do mundo e que poderiam ser replicadas. A empresa de consultoria holandesa Ecofys identificou os locais onde essas medidas poderiam ser implantadas, em que proporção, e o volume de CO² que deixaria de ser emitido a cada ano com a sua adoção.

Uma característica importante do projeto é o fato de ele se basear apenas em iniciativas efetivamente já implantadas. “O estudo só considerou as soluções já adotadas com sucesso. Foram listadas apenas as ações que, de fato, já estão sendo utilizadas de forma concreta. Não foi incluído nada que ainda não exista”, afirmou Oras Tynkkynen, conselheiro da Divisão de Recursos Naturais e Sociedade de Baixo Carbono da Sitra, que veio ao Rio de Janeiro apresentar o trabalho, ao lado do professor Roberto Schaeffer e da pesquisadora Joana Portugal-Pereira, do Programa de Planejamento Energético da Coppe.

Custos de implantação menores que subsídios a combustíveis — Outro fator que não deve ser desprezado é a viabilidade da expansão das 17 medidas listadas no estudo. De acordo com a Sitra, o custo anual total de implantação de todas as soluções pode atingir um máximo de US$ 94 bilhões por ano, em 2030. Para efeito de comparação, o custo dos compromissos para ajudar os países em desenvolvimento a combater as alterações climáticas está em torno de US$ 100 bilhões anuais. O valor também é comparável a despesas globais com subsídios a combustíveis fósseis.

As 17 soluções reunidas no estudo estão agrupadas em cinco categorias: energias renováveis; eficiência energética na indústria; transportes; edificações; e práticas sustentáveis na agricultura e florestas. Entre as iniciativas selecionadas estão o sistema de aquecimento solar de água utilizado na China, o uso de bioenergia para aquecimento na Finlândia e a adoção de frotas de veículos mais eficientes na União Europeia. A proposta é que essas e as outras 14 ações sejam replicadas pelo mundo. | www.greentoscale.net.

Iniciativas brasileiras são destacadas pelo estudo — Três das medidas listadas pelo projeto têm sido utilizadas com sucesso pelo Brasil. Uma delas é a prática de agricultura de baixo carbono que, se adotada em outros países, evitaria a emissão de 165 Mt CO²/ano. Um volume superior às emissões anuais do Peru.

“A agricultura de baixo carbono envolve, entre outras ações, a utilização de técnicas de plantio mais eficazes e a consorciação de culturas, que resulta na utilização de um volume menor de fertilizantes”, explica o professor Roberto Schaeffer.

Outra solução adotada pelo Brasil, também na área de agricultura e florestas, é o controle do desmatamento. Calcula-se que se tais práticas forem também adotadas em outros países, a redução do desmatamento poderia evitar a emissão de 2.782 Mt CO²/ano. Volume equivalente às emissões anuais da Índia.

A terceira prática adotada pelo Brasil citada no estudo foi a utilização de energia eólica. De acordo com a pesquisa, se outros países selecionados utilizarem esse tipo de energia renovável, como vem sendo feito no Brasil e na Dinamarca, seria possível reduzir a emissão de 1.018 Mt CO²/ano. Emissões superiores às emissões anuais do Reino Unido e da França somadas.

O professor Roberto Schaeffer aposta no aumento do uso da energia eólica no Brasil nos próximos cinco anos. Segundo ele, a realização de leilões dedicados a energias renováveis foi fundamental para que a eólica pudesse se tornar competitiva no país.

Levantamento aponta medidas mais eficazes e as de menor custo — O estudo lista as cinco principais soluções de comprovada eficácia na redução de gases de efeito estufa no mundo. A principal delas é a expansão de energia solar, na Alemanha, com redução máxima de emissões de GEE anuais em 2030 da ordem de 4.588 (Mt CO² equivalente). As outras são: redução do desmatamento, no Brasil (4.007 Mt CO²e); fogões de cozinha aperfeiçoados, na China (1.477 Mt CO²e); florestamento e reflorestamento, na Costa Rica (1.323 Mt CO²e) e a expansão de energia eólica, na Dinamarca e no Brasil (1.288 Mt CO²e).

O relatório do projeto aponta, também, as cinco soluções de maior economia no que diz respeito a custo. São elas, a eficiência de equipamentos, no Japão, com custo anual máximo em 2030 de US$ - 31,9 bilhões; a eficiência de combustíveis para veículos, na União Europeia (US$ - 15,3 bilhões); a eficiência de motor elétrico industrial, nos Estados Unidos (US$ - 6,1 bilhões); a redução de metano na produção de combustíveis fósseis, nos Estados Unidos (US$ - 6,0 bilhões); e o aquecimento solar para água, na China (US$ - 4,2 bilhões).

Os representantes da agência Sitra pretendem apresentar os resultados da pesquisa em diferentes países. O primeiro evento de apresentação foi realizado no Banco Mundial, em Washington, no último dia 19. O Rio de Janeiro foi escolhido para realizar o segundo evento. Esse mesmo estudo será apresentado em dois eventos paralelos à COP 21, em Paris. O primeiro deles acontecerá no primeiro dia da conferência, 30 de novembro. [www.planeta.coppe.ufrj.br].

Fonte: Assessoria