Inteligência artificial para revolucionar a manufatura

Autodesk University reuniu especialistas para discutir o futuro da fabricação das coisas


Divulgação: Autodesk University


Las Vegas foi a cidade escolhida para sediar a maior edição do Autodesk University - a companhia conta com filiais menores do evento em outras capitais - soa como uma espécie de laboratório perene de qualquer empresa de tecnologia. Afinal, a icônica capital dos cassinos e dos complexos hoteleiros é cartão postal de inclinar a cabeça para atentar-se às luzes e aos telões, máquinas de sorte (ou azar) e fontes dançantes ao som de um repertório composto majoritariamente por um saudoso Frank Sinatra.

Há tecnologia em todos os pormenores da cidade. Logo, não soa tão arbitrário ou questão meramente econômica e logística quando empresas como a Autodesk elegem Las Vegas para anunciar o que haverá no horizonte da tecnologia. Nas dependências do Hotel Palazzo, em um pavilhão aberto com o sugestivo título "The Future of Making Things", a companhia revelou na última semana projetos que poderiam soar, à primeira vista, caricaturas hollywoodianas de ficção científica não estivessem ao alcance das mãos: chassis de carros feitos com impressoras 3D, móveis desenhados por algoritmos, gigantescos braços robóticos imprimindo peças delicadas e versões de fábricas em realidade virtual.

Algoritmos estão desenhando coisas

A Autodesk fez seu nome na indústria de software com o AutoCAD, que permite que engenheiros, arquitetos e designers criem versões digitais e tridimensionais de seus projetos antes de construí-los ou fabricá-los. Desde sua fundação em 1982, a empresa de San Rafael, na Califórnia, evoluiu e capilarizou sua vocação no mercado, tendo lançado tecnologias que também atendem a indústria de entretenimento e games.

A companhia se prepara para lançar no início de 2017 um software que cria designs para produtos. Batizada de Dreamcatcher, a solução se pauta no design generativo para otimizar tempo e custos de produção, entregando o grosso do trabalho a algoritmos para criar coisas como uma cadeira, um carro e até mesmo um escritório "pensado" para funcionários. Em resumo, o usuário dá ao Dreamcatcher uma série de parâmetros para, no final, ser apresentado com inúmeras possibilidades para um mesmo produto.

Um dos projetos exemplares é a Elbo Chair, uma cadeira co-criada por Arthur Harsuvanakit e Brittany Presten do Laboratório de Design Generativo da Autodesk. E quando digo "co-criada", o essencial aqui é dizer que o design foi resultado de uma colaboração entre o software e seus designers.

Harsuvanakit e Presten alimentaram o Dreamcatcher com modelos 3D de cadeiras que seriam referência para o projeto. Depois, eles estipularam o quanto de peso o móvel deveria suportar e qual altura deveria ter. Com essas informações, o Dreamcatcher começou a trabalhar.

O software apresentou, então, centenas de designs, otimizando-os a medida do processo, ou seja, designs mais leves, com menor necessidade de matéria-prima e estruturas mais estáveis e elegantes. Além da Elbo Chair, o Dreamcatcher foi usado em outros projetos, alguns deles com parceiros que a Autodesk mantém como confidenciais. Outro exemplo já divulgado e que se encontrava exposto no pavilhão "The Future of Making Things" é o Hack Rod, carro esportivo produzido pela startup de mesmo nome, em parceria com a Autodesk e Nvidia.

A startup recorreu ao Dreamcatcher para criar designs de chassis aplicando testes de aerodinâmica. O software replicou sensores que dariam feedback em como o design deveria ?performar? sob pressão, rodando testes drives totalmente digitais.

Fonte: IDG