PANORAMA DO MERCADO DE FEIRAS

Um comparativo Brasil e Mundo, por Juan Pablo de Vera

Juan Pablo de Vera - Vice-presidente senior para América Latina da Reed Exhibitions

Juan Pablo de Vera - Vice-presidente senior para América Latina da Reed Exhibitions


Na passada edição da EBS em São Paulo tive a oportunidade de participar na Arena Experience apresentado o panorama de nosso setor de Feiras. Para ilustrar as principais tendências utilizei-me das informações da última pesquisa "Barômetro de Feiras Global" realizada pela UFI.

A 18ª edição do Barômetro, apresentada em fevereiro deste ano, trouxe resultados importantes para ganhar uma perspectiva de curto, meio e longo prazo no planejamento de negócios do mercado de Feiras no Mundo, nas Américas e especialmente no Brasil.

A UFI é reconhecida como a principal Associação Global de Organizadores e Operadores de Centros de Exposições, bem como das principais Associações Nacionais e Internacionais e parceiros selecionados do setor de Exposições.

O objetivo principal da UFI é representar, promover e apoiar os interesses comerciais de seus membros e do setor de exibição. A UFI representa diretamente cerca de 50 mil funcionários da indústria de exposições em todo o mundo, e também trabalha em estreita colaboração com seus 55 membros das associações nacionais e regionais.

Perspectivas de Desenvolvimento de Negócios

O 18º Barômetro analisou a evolução das expectativas de receitas brutas para o 2º semestre de 2016 e as duas metades de 2017 em comparação ao volume de negócios durante o mesmo período do ano anterior (independentemente de possíveis efeitos bienais).
Os resultados apresentaram uma perspectiva muito positiva e estável para a Europa, onde 77 a 78% declaram um aumento. Nas Américas, a situação melhora ao longo do período, de 55% para 81%. Também é possível observar uma tendência positiva na Ásia / Pacífico (de 64-67% em 2016 para 74% em 2017), enquanto a situação se mantém relativamente estável no Oriente Médio e na África (56 a 60%).
Os gráficos incluídos na segunda parte do relatório ("Resultados detalhados para países ou zonas selecionados") detalham os resultados para cada região. Eles mostram uma variedade de situações:
 - Na América do Norte, os EUA e o México apresentam uma perspectiva positiva com mais de 60% das empresas projetando um aumento de suas receitas e do volume de negócios para os períodos, chegando até mais de 70% nos EUA ou 90% no México;
-  Na América Central e do Sul, no entanto, a segunda parte de 2016 registrou uma diminuição do volume de negócios para 80% das Empresas. Espera-se que a situação para 2017 seja melhor no Brasil para 80 a 90% das empresas, mas não tanto para os outros países, onde a maioria das empresas ainda espera uma diminuição;
- Na Europa, a maioria dos mercados declara uma perspectiva muito positiva com cerca de 80% das empresas que esperam aumento no volume de negócios. No entanto, as exceções são notadas para a Alemanha e a Itália, onde 2017 parece mais fraco do que foi 2016. Na Rússia, observa-se uma tendência positiva no segundo semestre de 2017, onde 60% projetam crescimento;
- Na Ásia / Pacífico, a China supera as demais zonas estudadas, com 70 a 85% das empresas declarando um aumento.
- No Oriente Médio ou na África do Sul, 45 a 65% das empresas esperam aumento do volume de negócios.

Perspectivas na geração de lucros operacionais
A 18ª pesquisa do Barômetro Global de Feiras da UFI também questionou sobre as projeções dos lucros operacionais em relação ao ano anterior.

Os resultados mostraram um aumento de mais de 10% em aqueles que declaram um resultado estável (entre -10% e +10%). Os resultados detalhados mostram que a maioria das regiões manteve durante 2016 o bom nível de desempenho registrado em 2015.

A maioria das empresas apresentou um aumento de mais de 10% nos lucros anuais para 2016 no México, EUA, assim como na maioria dos países da Ásia / Pacífico e da América Central e do Sul (com exceções na Tailândia, China e Brasil).

Na Europa, entre 3 e 5 empresas em cada 10 declaram um aumento de mais de 10% em lucros anuais para 2016 na maioria das zonas, exceto no Reino Unido, onde 57% disseram que superaram esse nível de resultados.

Existe uma situação semelhante no Oriente Médio (46%), mas na África do Sul, apenas 6% revelam um aumento de mais de 10%.


Questões comerciais mais importantes

As empresas foram convidadas a identificar as três questões mais importantes para seus negócios no próximo ano a partir de uma lista predefinida de sete questões.

Como nos inquéritos anteriores, cerca de 80% de todas as respostas referem-se às seguintes 4 questões:
- "Estado da economia no mercado interno" (25% na pesquisa atual, -1%pp em comparação com 6 meses atrás)
- "Desenvolvimentos econômicos globais" (24% na pesquisa atual, -2%pp em comparação com 6 meses atrás)
- "Competição dentro da indústria" (20% na pesquisa atual, +3%pp em comparação com 6 meses atrás)
- "Desafios internos" (13% na pesquisa atual), inalterados, onde "Recursos humanos" são nomeados como o aspecto mais importante.

No entanto, pode-se notar que, em comparação com os resultados da última pesquisa, "Competição da indústria" sobe em + 3% para as duas primeiras questões. "Impacto da digitalização" ("Respondendo às necessidades de digitalização do cliente", "Novos produtos digitais" ou "Processos internos"), "Concorrência com outros meios" ("Internet", "Mídia social", "Feiras comerciais virtuais" ou "Outro") assim como "Problemas com Regulamentação" (Sustentabilidade, Segurança ou Outros) mantêm exatamente o mesmo nível que na última pesquisa.

Em relação aos Pavilhões, assuntos como "Competição dentro da indústria" tornou-se a principal questão. Além disso, "desafios humanos" são classificados significativamente mais altos nesta categoria de empresas.


Prioridades em termos de estratégia

As empresas foram convidadas a compartilhar suas prioridades atuais em termos de estratégia em duas áreas específicas: sua gama de atividades e sua exposição geográfica.

Em todas as regiões, uma grande maioria das empresas pretende desenvolver novas atividades, seja na gama clássica de atividades da indústria de exposições (local / organizador / serviços), em outros eventos ou eventos virtuais, ou em ambos: 67% no Oriente Médio & África, 87% na Ásia / Pacífico, 90% na Europa e 96% nas Américas.

Em termos de expansão geográfica, 4 empresas em 10 declaram, em média, manifestaram a intenção de desenvolver operações em novos países. Essa taxa é muito maior no Reino Unido (70%), nos EUA (67%) e no Oriente Médio (57%).


Impacto de desenvolvimentos políticos recentes

Esta questão visa avaliar a percepção do impacto no comércio internacional e na indústria de exposições dos recentes desenvolvimentos políticos (como por exemplo, o Brexit no Reino Unido, ou fracassado golpe na Turquia e o resultado das eleições presidenciais nos EUA).

45% dos participantes preveem um impacto negativo limitado ou significativo de algum tipo nos seus negócios. Os resultados a nível nacional indicam que o México (60%) e os EUA (54%) relatam os maiores graus de preocupação.

Em comparação, apenas um em dez em média espera um impacto positivo de algum tipo. 2 em média antecipar sem impacto e entre 2 e 3 não sabem ou não estão seguros.


Conclusões

Os resultados da pesquisa revelam que apesar de uma desaceleração em curso no crescimento econômico global e um declínio nas relações de abertura comercial na cena internacional, a indústria de Feiras e Exposições projeta manter um crescimento contínuo em 2017.

As respostas indicam que a maioria das empresas projeta um aumento no volume de negócios em 2017, após dois anos de níveis relativamente estáveis de lucro operacional. Os Estados Unidos, México, China e Reino Unido projetam crescer acima da média. Brasil e Rússia também indicam uma tendência positiva no volume de negócios, mas somente após a segunda metade de 2017. Para Alemanha e Itália o ano aparece com expectativas mais fracas do que foi em 2016.

A próxima pesquisa do Barômetro Global da UFI será realizada nos meses de Junho e Julho de 2017. Aguardo ansioso aos resultados que serão liberados no começo do segundo semestre desta ferramenta de planejamento estratégico indispensável, até lá!

 

Fonte: Arenas Experience Feira EBS 2017